DESIGUALDADES SOCIAIS EM EXPERIÊNCIAS DE ADOECIMENTO POR DIABETES MELLITUS TIPO 2
Nome: NICOLAS ORTIZ RUIZ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 25/11/2019
Orientador:
Nome | Papel |
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RITA DE CÁSSIA DUARTE LIMA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ETHEL LEONOR NOIA MACIEL | Examinador Interno |
MARÍA DEL PILAR MONTERO LÓPEZ | Examinador Externo |
RITA DE CÁSSIA DUARTE LIMA | Orientador |
SHEILLA DINIZ SILVEIRA BICUDO | Examinador Externo |
THIAGO DIAS SARTI | Examinador Interno |
Resumo: As doenças são manifestações nos corpos dos indivíduos, relacionadas às condições
sociais, políticas, econômicas e culturais por eles vividas. Consequentemente, sua
intensidade e frequência, seus efeitos, variam segundo a estrutura social nos diferentes
momentos da história. A diabetes mellitus tipo 2 é uma doença cujo desenvolvimento e
evolução são diretamente influenciados por situações sociais. Seu comportamento
epidêmico envolve um grupo complexo de sistemas genéticos e epigenéticos que
interagem dentro de uma estrutura social igualmente complexa, capaz de determinar
comportamentos e práticas individuais e coletivas, concentrando-se principalmente em
áreas de maior pobreza e em indivíduos com baixa renda e baixo nível de escolaridade.
O objetivo desta pesquisa foi analisar e compreender como as desigualdades sociais
vividas pelos indivíduos com diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 incidem em suas
experiências de adoecimento. Este estudo corresponde a uma pesquisa qualitativa,
baseada em relatos biográficos de pessoas com esse diagnóstico há mais de um ano e com
características socioeconômicas e socioculturais diversas. Os casos foram selecionados
em diferentes centros de saúde do município de Santiago de Cali-Colômbia, buscando
representação de diversas classes sociais, gênero e etnia racial. Os principais achados
mostram uma estreita relação entre o contexto, as trajetórias de vida e as experiências de
adoecimento. Observa-se que, nas trajetórias de vida, os principais eixos em torno dos
quais configuram-se as desigualdades sociais são o território, o gênero e o encadeamento
entre a educação e o trabalho. A partir desses eixos, as relações entre as estruturas sociais,
as interações sociais e as ações dos indivíduos estabelecem distribuições e acessos
desiguais a diversos capitais. Isso configura um ordenamento de posições sociais que
possibilita maiores vantagens, benefícios, oportunidades a uns indivíduos em relação a
outros. Nas experiências de adoecimento, essas desigualdades articulam-se no acesso e
uso dos serviços, nos relacionamentos com o pessoal da saúde, nos suportes e nas redes
sociais e nas práticas de autocuidado. Da mesma forma, a doença tem a potencialidade de
se articular segundo os níveis de vulnerabilidade social, produzindo um círculo vicioso
entre vulnerabilidade-doença-vulnerabilidade. Este trabalho oferece métodos alternativos
aos quantitativos para analisar as desigualdades em saúde. Nesse sentido, destaca-se a
importância de quantificar a magnitude e a distribuição dos fenômenos de assimetria e
desvantagem social em grandes grupos populacionais, mas, por outro lado, compreender
experiências em contextos específicos fornece insumos para gerar igualdade de
oportunidades, acesso e capacidades, reconhecendo diferenças e desigualdades
territoriais, socioeconômicas e socioculturais. É essencial continuar aprofundando as
interseccionalidades para identificar as maneiras específicas pelas quais diferentes
experiências articulam-se em certas formas de organização social para produzir
desigualdades sociais. Nesse sentido, é importante insistir no caráter situado e particular
dessas interseccionalidades para não cair nos determinismos de classe, gênero ou raça,
para citar alguns, que acabam por essencializar certas populações como vulneráveis, ou
impedem o reconhecimento de outras formas de desigualdade.