PANORAMA DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA NO ESPÍRITO SANTO: UMA ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS ENTRE 2011 E 2018
Nome: GRACIELLE KARLA PAMPOLIM ABREU
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 15/09/2020
Orientador:
Nome | Papel |
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FRANCIÉLE MARABOTTI COSTA LEITE | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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FABIANA GONRING XAVIER | Suplente Externo |
FRANCIÉLE MARABOTTI COSTA LEITE | Orientador |
LUCIANA CARRUPT MACHADO SOGAME | Examinador Externo |
MARIA CARMEN VIANA | Examinador Interno |
PAULETE MARIA AMBROSIO MACIEL | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: Introdução: A violência contra a pessoa idosa é um grave problema de saúde pública, de
estrutura complexa e multicausal, que resulta em graves consequências físicas, psicológicas
e/ou sociais para todos os atores envolvidos. A violência vem ganhando visibilidade nos
círculos de debate da saúde, e em 2011 foi incluída na lista de doenças e agravos de
notificação compulsória. Objetivo: Analisar os casos notificados de violência contra a pessoa
idosa, no estado do Espírito Santo, no período de 2011 a 2018. Métodos: Estudo transversal,
com casos notificados de violência contra a pessoa idosa registrados no Sistema de
Informação de Agravos e Notificação SINAN do Espírito Santo entre 2011-2018. O banco
de dados passou por qualificação prévia às análises estatísticas, que, por sua vez, foram
conduzidas segundo a natureza da agravo (autoprovocada/ interpessoal); o tipo de violência
interpessoal (física/ psicológica/ negligência) e histórico de repetição. As variáveis
independentes foram as características da vítima, da agressão e do agressor, quando aplicável.
Para as análises bivariadas foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson, e a multivariada foi
conduzida através da Regressão de Poisson com variância robusta e estimação da Razão de
Prevalência, considerando Intervalo de Confiança de 95% e significância de p < 0,05.
Resultados: A prevalência de violência interpessoal foi de 85,0% (IC95%: 83,3-86,5) e da
violência autoprovocada foi de 15,0% (IC95%: 13,5-16,7), nas análises ajustadas foram
encontradas diferenças significantes entre os desfechos estudados e as características da
vítima e da agressão. A violência interpessoal do tipo física se apresentou em alta prevalência
(66,3%; IC95%: 64,2-68,8), e esteve associado com ter de 60-69 anos, não possuir
deficiência/transtorno, histórico de repetição e viver em zona rural para ambos os sexos; em
idosos do sexo masculino, a violência física foi mais frequente entre aqueles que não possuem
companheira; e em idosos do sexo feminino este agravo esteve associado a motivação por
intolerância. No que tange a negligência e violência psicológica, as prevalências encontradas
foram de 18,1% (IC95%:16,31-20,04) e 11,8% (IC95%:10,32-13,46), respectivamente. A
negligência foi mais prevalente contra idosos com 80 anos ou mais, de cor preta, com
companheiro(a) e deficiência/transtorno, foi mais frequentemente cometida por filhos das
vítimas, de ambos os sexos, na residência, em zonas urbanas, de forma crônica e sem
motivação. A violência psicológica esteve associada ao sexo feminino, foi mais perpetrada
por alguém do sexo masculino, após consumo alcoólico, motivado por intolerância, em zonas
urbanas e de forma crônica. E por fim, os resultados das análises da violência de repetição
mostram uma prevalência de 50,1% (IC95%: 47,7-52,6), e após ajustes, ter 80 anos ou mais,
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apresentar deficiências ou transtornos e ter sido violentado por parceiro e/ou filhos se
mantiveram associados ao agravo em ambos os sexos. Em idosos do sexo masculino, a
violência de repetição foi mais frequentemente perpetrada por dois ou mais agressores e
durante o dia, enquanto mulheres idosas foram mais frequentemente agredidas em zonas
urbanas. Considerações Finais: A natureza interpessoal da violência praticada contra a
pessoa idosa foi majoritariamente a mais notificada, sendo a tipologia física a mais prevalente
entre os tipos de violência estudados, seguido da violência psicológica e negligência. Diversas
características da vítima, do agressor e da agressão estiveram associadas aos agravos
estudados, variando de acordo com a tipologia da violência. Entende-se que o conhecimento
destes fatores em suas diferentes manifestações pode contribuir para o enfrentamento,
monitoramento e prevenção da violência contra a pessoa idosa, pois apenas com a interrupção
do ciclo da violência será possível devolver a dignidade e proporcionar uma melhor qualidade
de vida a pessoa idosa.