DOENÇA RENAL CRÔNICA: VALIDAÇÃO DE EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR E USO DA IDADE DO RIM COMO ESTRATÉGIA DE INFORMAÇÃO AO PACIENTE

Nome: WAGNER LUIS DA CRUZ ALMEIDA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 27/06/2023
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
JOSE GERALDO MILL Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JOSE GERALDO MILL Orientador
LUCIANE BRESCIANI SALAROLI Examinador Interno
MARCELO PERIM BALDO Examinador Externo
SHEILA MARIA ALVIM DE MATOS Examinador Externo
THIAGO DIAS SARTI Examinador Interno

Resumo: O principal indicador laboratorial da doença renal crônica (DRC) é a taxa de
filtração glomerular (TFG), que é normalmente aferida por meio do clearance de
creatinina (ClCr) endógena. Este método envolve a coleta urinária em longo
período (12 ou 24h), que pode suscitar perdas e erros de amostragem. É
possível estimar o ClCr urinário por meio creatinina sérica (SCr) em amostra
casual com o uso de equações, aumentando a viabilidade do método. Dentre
estas, a Modification of Diet in Renal Disease (MDRD-4) e a Chronic Kidney
Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) são as mais utilizadas na prática
clínica brasileira. Ambas ajustam matematicamente a TFG de acordo com o
sexo, a idade e a cor da pele, contudo, o ajuste por raça/cor tem sido questionado
em populações altamente miscigenadas. A prevenção e o tratamento da DRC
requerem do indivíduo a adoção de um modo de vida saudável, e proativo quanto
aos cuidados com a saúde renal, a partir do recebimento informações claras dos
profissionais de saúde. Todavia, a TFG é um termo de difícil compreensão para
o público leigo e o seu emprego gera perda de qualidade na comunicação
profissional-paciente. Na atualidade, discute-se a transformação do resultado de
TFG em idade renal calculada (IRC) que é expressa em anos, e cuja simplicidade
pode aumentar a compreensão da informação sobre o funcionamento renal.
Esta tese tem como objetivo principal verificar a concordância entre a TFG
medida em 12h ou 24h e estimada pelas fórmulas MDRD-4 e CKD-EPI,
avaliando a acurácia das duas equações. Secundariamente, objetiva-se analisar
a aplicabilidade do ajuste matemático das equações em indivíduos de pele negra
e também utilizar os dados de TFG estimados por fórmulas para o
desenvolvimento de uma fórmula para cálculo da IRC. Foram empregados dados
da linha de base da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em Vitória-ES (2012)
e do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-BRASIL). Na PNS, sujeitos
de 20 a 69 anos habitantes de Vitória-ES e região metropolitana realizaram
coleta urinária de 24h e de sangue em jejum. No ELSA-BRASIL, foram utilizados
dados de servidores públicos voluntários de 30 a 74 anos, que realizaram coleta
urinária de 12h e de sangue em jejum. Nas duas populações, a TFG medida por
meio do ClCr na urina e estimada pelas fórmulas CKD-EPI e MDRD-4. A
concordância entre o ClCr e a TFG calculada pelas fórmulas foi analisada pelo
método de Bland-Altman. Análise de variância (ANOVA) de uma via com fator
raça/cor foi usada para comparar médias da CrCl e da TFG calculadas com e
sem ajuste por raça/cor. A significância estatística foi aceita para p<0.05. Para
a criação de uma nova equação para cálculo da IRC foi usada como referência
a equação IRC= [(1/0,9)+(105&#8722;TFG)+40. Após análise dos dados da PNS
(n=272), houve concordância adequada entre o ClCr e as equações, mas o
ajuste por raça/cor diminui a acurácia destas últimas. No fator raça/cor, houve
semelhança entre grupos para o ClCr (p=0,21) sugerindo não haver diferença no
metabolismo da creatinina em função da cor da pele. Dos participantes do ELSA-

Brasil com a coleta urinária de 12h validada (n=12813), Os diagramas de Bland-
Altman mostraram que as fórmulas e ClCr concordam entre si, com melhor

acurácia identificada para TFG <90ml.min.1,73m2 e que o ajuste por raça/cor
aumenta a dispersão dos dados. Nesta faixa de TFG, ANOVA de uma via do
ClCr com fator raça/cor mostrou semelhança entre grupos (p=0,27). Após
validação das fórmulas, constatou-se que declínio da TFG foi estimado pela
CKD-EPI em 0,76 ml/min.1,73m2

/ano de vida, a partir dos 27 anos na
subamostra saudável da PNS. Estes dados permitiram a proposição da equação
‘IRC=[(1/0,76*)*(115,4-CKD-EPI)+27]’, com resultado expresso em anos.
Concluiu-se que MDRD-4 e CKD-EPI são fórmulas adequadas para
rastreamento da DRC na população brasileira, e como não há diferença mediada
por raça/cor na excreção urinária de creatinina, o ajuste por raça/cor para o uso
destas fórmulas, que aumentou a dispersão dos resultados, é desnecessário e
prejudicial para a acurácia das mesmas. Adicionalmente, foi possível a criação

de uma fórmula para cálculo da IRC, a ser testada com os dados do ELSA-
BRASIL.

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