ESTUDO SOBRE: FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS MATERNOS E OBSTÉTRICOS ASSOCIADOS À VIA DE PARTO EM PARTICIPANTES DO PROJETO VIVER

Nome: FERNANDA GARCIA GABIRA MIGUEZ

Data de publicação: 24/10/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELIZABETE REGINA ARAUJO DE OLIVEIRA Orientador

Resumo: Nos últimos anos o Brasil vem apresentando uma das maiores taxas de cesárea no
mundo, sendo sempre lembrado como país exemplo do uso excessivo do procedimento. Em
comparação ao restante do país, as taxas de cesárea são igualmente altas no estado do Espírito
Santo. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar os fatores sociodemográficos e obstétricos em
relação a via de parto entre participantes do Projeto Viver em maternidades no estado do
Espírito Santo. O Projeto Viver é um estudo de coorte, multicêntrico que teve como objetivo
principal investigar a influência dos determinantes precoces da morbidade nos períodos
perinatal e neonatal de crianças nascidas no estado do Espírito Santo - Brasil. O projeto Viver
foi realizado em agosto de 2019 a março de 2020 em três maternidades localizadas na região
metropolitana e norte do estado. 3.438 puérperas e seus recém-nascidos participaram da
pesquisa que foi composta em três etapas de acompanhamento. Os resultados desta tese foram
descritos em três artigos. O primeiro manuscrito teve como objetivo identificar os fatores
sociodemográficos associados à via de parto através de uma revisão sistemática. Os resultados
mostram que nos últimos seis anos os fatores sociodemográficos continuam influenciando o
tipo de parto realizado, mulheres com maior nível socioeconômico, maior nível de escolaridade,
com idade acima de 35 anos e parto em instituições privadas possuem maior chance de realizar
cesariana comparado ao parto vaginal. O segundo artigo utilizou dados do Projeto Viver e teve
como objetivo avaliar os fatores sociodemográficos, maternos e gestacionais associados à via
de parto em participantes do Projeto Viver. Há maior prevalência de cesárea (57,4%) do total
de partos, maior ocorrência de cesárea por mulheres com 35 anos, naquelas com nível de
escolaridade 12 anos, nas pertencentes ao maior quintil socioeconômico e que pariram em
hospitais privados. Na análise ajustada, mulheres com 25 anos ou mais, maior nível
educacional, com obesidade e doenças crônicas não-transmissíveis tiveram mais prevalência de
cesárea. Também encontramos que mulheres que pariram em hospitais filantrópicos tiveram
menor prevalência de cesárea comparadas as que pariram em hospital privado. Por último, um
terceiro artigo que avaliou as intercorrências obstétricas e sua associação com a via de parto
entre participantes do Projeto Viver. Os resultados demonstram que há maior proporção de
intercorrências em mulheres com idade igual ou superior a 35 anos, que pertencem ao último
quintil de riqueza, com nível de escolaridade maior e em maternidades privadas, ainda, naquelas
com obesidade e com idade gestacional <37 semanas. No que concerne a associação entre as
intercorrências obstétricas pela via de parto encontramos que as mulheres que tiveram
sofrimento fetal, transtorno no líquido amniótico, diabetes mellitus gestacional e síndrome
hipertensiva tiveram mais prevalência de cesárea comparadas as sem as referidas
intercorrências. Conclui-se ao longo dessa tese que fatores reconhecidos na literatura, estão
presentes na população estudada. Os resultados aqui apresentados são relevantes pois possuem
potencial de contribuição para a literatura científica e da avaliação das implementações e/ou
políticas que estão vigentes nas maternidades do estado para que se possa aprimorar as
estratégias em busca da redução da cesárea.

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